O parto

08-01-2020

Quando soube que estava grávida o meu maior medo era em relação ao parto. Contavam-me historias de como o parto natural era horrível, doloroso e extremamente longo. Falavam de dores inexplicáveis e de desconforto tremendo. Falavam também de como a epidural era a melhor coisa do mundo desde o nascimento do Leonardo DiCaprio. 

As semanas passavam e eu comecei a informar me melhor em relação aos tipos de parto. Pesquisava dia e noite, via videos , testemunhos e comecei a perceber que afinal, não era bem assim e então decidi - vou ter parto natural.

"Mas Jessica, não ouviste nada do que te dissemos? É horrível, nao vais aguentar!"

Mas o nosso corpo nao foi feito para ter um filho? Somos o único animal que não é capaz de parir sem ajuda?

Quanto mais me diziam que nao seria capaz mais força e determinação ganhava e já tinha o meu plano feito.

"Quero um ambiente calmo, com pouca luz. Quero poder andar. Quero ouvir musica. Não quero que me rebentem as águas, nao quero epidural , nao quero cortes. Intervenção apenas se necessária. Quero aproveitar ao máximo este momento único que é so nosso: meu, da minha filha e do pai da minha filha." Ah e se possível, parto na agua, sff. Ok? Obrigada!

Para a primeira gravidez, parecia que tinha tudo controlado. Vai ser como quero e ponto final.

A meio da gravidez, esta começou a tornar-se desesperante. A minha barriga crescera o dobro, não tinha posição para dormir, nem para estar sentada. A barriga estava muito descida, nao podia fazer esforços e para piorar - anemia nivel999999999. Ou seja, levantava me da cama, ficava cansada. Dava 3 passos, estava a morrer de cansaço. Comia, não conseguia respirar, porque? Estava CANSADA!

Numa das idas ao hospital decidi apresentar o meu plano de parto à medica. Entrei super confiante e disse: é isto que quero.

E a resposta dela, estao preparados?

"Queres um parto natural, vai para a selva. Isto não é a selva"

Imaginem-se grávidas, cheias de hormonas, a ouvir uma medica que deveria estar lá para te apoiar e tirar as tuas duvidas, falar de uma forma tao arrogante sem debater qualquer tipo de ideia contigo e acrescentar "Também nao fazemos partos na agua ".

Foi humilhante.

Se fosse hoje, nao teria ficado calada, nem sequer prosseguido com a consulta porque gosto de pensar que o que nao falta, são bons medicos.

Entretanto o dia do parto chegou. Acordei as 10h da manhã com contrações que foram ficando cada vez mais intensas ao ponto de não conseguir estar de pé. Tomei banho com ajuda e muitas pausas e fomos para o hospital por volta das 11h30. As dores agora estavam mais fortes que nunca. Tentava concentrar me e absorver tudo o que tinha aprendido com as minhas pesquisas mas percebi que nao estava preparada e estava longe de apreciar este momento. Ás 16h foi quando decidi pedir a epidural e tudo ficou mais calmo.

Ás 18h as medicas decidiram que era melhor para o bebe se rebentassem as aguas e eu sem saber o que fazer e se deveria questionar, concordei.

Ás 19h30 fui para a sala de partos.

Ás 23h45 a Ema nasceu.

Hoje, sei que os medicos preferem não perder o seu tempo , a respeitar o trabalho de parto. Que se calhar, nao teria sido necessário rebentar as aguas, mas estavamos a demorar muito tempo e assim seria mais rápido. Que nao perguntam se estão a magoar ou se está bem assim.

Sei também que posso fazer perguntas e dizer nao e pedir para nao cortarem o cordão umbilical logo. E que tenho o direito de segurar na minha filha mal ela nasca, se tiver tudo bem com ela. 

Apesar do parto nao ter sido nada como planeei - a excepção que tinha musica no quarto , agradeço o apoio das enfermeiras que foram pacientes comigo e me trataram super bem.

O proximo parto sei que vai ser diferente pois tenho toda a confiança em mim. Já conheço a dor, percebo-a e vou estar preparada. 

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